sábado, 9 de agosto de 2014




                                    

Transtorno de Conduta


O transtorno de conduta consiste em um conjunto de comportamentos que incomodam e perturbam, além do envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais. É um dos transtornos psiquiátricos mais frequentes na infância sendo mais comum no sexo masculino e em crianças acima dos dez anos e também um dos maiores motivos de encaminhamento ao psiquiatra infantil. Pode-se dizer que é uma espécie de personalidade antissocial (ver: Transtorno da personalidade antissocial) na juventude. O transtorno de conduta em crianças e adolescentes aumenta o risco para diversos transtornos psiquiátricos que se iniciam na idade adulta, incluindo: fobia, pânico, depressão, uso abusivo de álcool e esquizofrenia. Esse transtorno está associado a TDAH e a transtornos das emoções (ansiedade, depressão e obsessão-compulsão). A idade do surgimento dos sintomas vai determinar o tipo de tratamento e a gravidade dos comportamentos ao longo do desenvolvimento da criança ou adolescente. 
De acordo como os critérios do DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4º Ed), o transtorno da conduta aplica-se a indivíduos com idade inferior a 18 anos e requer a presença de pelo menos três desses comportamentos nos últimos doze meses e de pelo menos um comportamento antissocial nos últimos seis meses, trazendo limitações importantes do ponto de vista acadêmico e social. Os critérios incluem 15 possibilidades de comportamento antissocial:

  • frequentemente persegue, atormenta, ameaça ou intimida os outros;
  • frequentemente inicia lutas corporais;
  • já usou armas que podem causar ferimentos graves (pau, pedra, caco de vidro, faca, revólver);
  • foi cruel com as pessoas, ferindo-as fisicamente;
  • foi cruel com os animais, ferindo-os fisicamente;
  •  roubou ou assaltou, confrontando a vítima;
  • submeteu alguém a atividade sexual forçada;
  • iniciou incêndio deliberadamente com a intenção de provocar sérios danos; 
  • destruiu propriedade alheia deliberadamente (não pelo fogo);
  • arrombou e invadiu casa, prédio ou carro; 
  • mente e engana para obter ganhos materiais ou favores ou para fugir de obrigações;
  • furtou objetos de valor;
  • frequentemente passa a noite fora, apesar da proibição dos pais (início antes dos 13 anos);
  • fugiu de casa pelo menos duas vezes, passando a noite fora, enquanto morava com os pais ou pais substitutos (ou fugiu de casa uma vez, ausentando-se por um longo período);
  • falta na escola sem motivo, matando aulas frequentemente (início antes dos 15 anos).

Esses jovens não apresentam sofrimento psíquico ou constrangimento com as próprias atitudes e não se importam em ferir os sentimentos das pessoas ou desrespeitar seus direitos.
O tratamento se baseia em intervenções junto à família e a escola, psicoterapia individual e familiar, todas em conjunto para um melhor resultado. 
Uso de medicamento é necessário quando existe a presença de agressões, paranóias e TDAH (ver:TDAH). Dentro da abordagem cognitiva o objetivo da terapia é melhorar habilidades para resolver problemas, habilidades de comunicação, controle de impulso, e habilidades de gerência da raiva.
As causas são diversas, entre elas a vulnerabilidade da personalidade, estressores sociais e a relação conflituosa entre pais e filhos são as mais evidentes. O ambiente familiar, portanto, é muito importante na prevenção do desenvolvimento desses comportamentos de conduta, tanto quanto o olhar dos pais para um tratamento precoce com o intuito de evitar maiores prejuízos futuros.


Fonte: Beck, A.T.; Freeman, A. - Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Artes Médicas, Porto Alegre, 1993. (Original publicado em 1990).
Diagnnóstico e estatístico de transtornos mentais. 4a edição. Porto Alegre: Artes Médicas; 1995
SILVA, Luna Rodrigues Freitas. Transtorno da conduta: uma oportunidade para a prevenção em saúde mental?. Interface (Botucatu) [online]. 2011, vol.15, n.36, pp. 165-173. ISSN 1414-3283.  http://dx.doi.org/10.1590/S1414-32832011000100013. 
BORDIN, Isabel AS  and  OFFORD, David R. Transtorno da conduta e comportamento anti-social. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2000, vol.22, suppl.2, pp. 12-15. ISSN 1516-4446.  http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462000000600004.
Fonte: http://aterapiacognitiva.blogspot.com.br/2013/02/transtorno-de-conduta.html

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